segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Logo eu, que nem sequer ligo a carros


As visitas ao lar do meu pai custam-me cada vez mais. Anima-se ainda um pouco com os meus desenhos. Tem-me faltado a inspiração e a vontade. Rabisco pequenas coisas de nada para manter o seu olhar atento. Logo eu que nem sequer ligo a carros.

4 comentários:

  1. No meu caso é o meu irmão mais velho, que tem Down, que eu visito no lar. E sei dessa dificuldade, da resistência natural que temos a um lugar onde tantos apenas esperam, passiva e amargamente, pelo fim...
    Mas desenhar para o Pai ver é bom, muito bom! (Já o meu irmão não compreenderia nem daria qualquer valor.) Continuar, pois!

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    1. É isso... são os "invisíveis" que trazemos junto ao peito tornando-nos a nós por vezes invisíveis também.
      O meu pai fica atento aos traços que rabisco porque antes de adoecer com alzheimer esculpia.
      Mas sim, desenhar para ele reconforta-nos.
      Continuar, sim.
      Obrigado.

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    2. Ah! A veia artística vem de família, então!
      Coragem para continuar a enfrentar essa doença tão ingrata - uma das mais dolorosas para as famílias.
      Um abraço

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